Fundador do grupo Fundo de Quintal, músico revolucionou o samba com talento, liderança e paixão pelas raízes do ritmo
Por/ Fábia Oliveira - Metrópoles
Figura essencial na história do samba brasileiro, Ubirajara Félix do Nascimento — conhecido nacionalmente como Bira Presidente — morreu no sábado (14/6), aos 88 anos, no Rio de Janeiro.
O músico enfrentava um câncer de próstata e também convivia com o avanço do Alzheimer. Reconhecido como uma das principais lideranças do samba, ele deixou uma marca profunda na cultura popular ao transformar as rodas de bairro em um verdadeiro movimento musical.
Quem era Bira Presidente
Nascido em Ramos, na Zona Norte carioca, Bira cresceu em um ambiente musical influenciado por ícones como Pixinguinha e João da Baiana.
Desde cedo, mergulhou no universo do samba e, aos sete anos, teve seu “batismo” na tradicional Estação Primeira de Mangueira, escola que sempre chamou de sua. Em 1961, ao lado de amigos e familiares, fundou o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, que viria a se tornar um dos maiores centros culturais do gênero no país.
O espaço, carinhosamente apelidado de Doce Refúgio, abrigou grandes encontros musicais e deu origem a um dos grupos mais importantes do samba moderno: o Fundo de Quintal.
A origem do grupo Fundo de Quintal
O grupo surgiu no fim da década de 1970, nas rodas promovidas pelo Cacique, e revolucionou a sonoridade do samba ao incorporar instrumentos como tantã, repique de mão e banjo.
Bira, além de fundador, era presença marcante nas apresentações, reconhecido pelo carisma e pela maestria no pandeiro. Ao longo da carreira, gravou com grandes nomes da música popular brasileira, como Beth Carvalho, e conciliou a vida artística com décadas de trabalho como servidor público.
Pai, avô e torcedor do Flamengo
Torcedor do Flamengo, apaixonado por dança de salão e figura querida nos bastidores da música, Bira era pai de duas filhas, avô de dois netos e bisavô de uma menina.
Seu legado ultrapassa o palco e permanece vivo nas gerações de sambistas que ajudou a formar e inspirar. Até sua morte, ele permaneceu como o único presidente do Cacique de Ramos — o que lhe rendeu o apelido de “o próprio Cacique”.