Em 21 de maio de 1912, Theodomiro Santiago embarcou no transatlântico Araguaya, partindo do Rio de Janeiro rumo à Europa. Deixava sob os cuidados de seu cunhado Olinto Carneiro Villela o Ginásio de Itajubá e o curso de eletricidade prática, mas sua mente já se projetava além: sonhava com uma escola superior de Eletricidade e Mecânica que colocaria Itajubá na vanguarda da educação técnica da América do Sul. Inspirado pela máxima do General Lázaro Hoche — “Res, non verba” (“Atos, e não palavras”) — Theodomiro buscava mais do que ideias: queria programas de ensino, materiais de laboratório e professores competentes. Essa divisa foi eternizada no brasão heráldico de Itajubá e gravada em bronze na escola que fundaria: “Revelemo-nos mais por atos que por palavras. ” Guiado também pela filosofia de Auguste Comte — “É mister relacionar a sabedoria teórica com a admirável sabedoria prática” — Theodomiro visitou meticulosamente os principais centros de formação de engenheiros da Alemanha, Suíça, França, Inglaterra, Itália e Bélgica. Foi na Bélgica, especialmente na Universidade de Trabalho de Charleroi, que encontrou o modelo ideal. Lá, recebeu apoio direto do diretor Omer Beyuse, que lhe forneceu estatutos e orientações fundamentais. Para Theodomiro, a formação de um engenheiro não poderia se limitar à teoria dos compêndios. Era essencial que o aluno tivesse domínio prático — que soubesse, por exemplo, tanto projetar uma usina hidrelétrica quanto enrolar um motor elétrico com as próprias mãos. Seu ideal era formar profissionais completos, conscientes do "métier". Em 19 de novembro de 1912, Itajubá viveu um dos dias mais festivos de sua história. A cidade inteira se mobilizou para receber seu filho ilustre, Dr. Theodomiro Santiago, que regressava da Europa após cumprir uma missão patriótica e visionária. Alunas, estudantes, bandas de música, autoridades locais e uma multidão vibrante se reuniram na estação ferroviária para celebrar o homem que trocara o luxo dos boulevards parisienses pelo rigor acadêmico das universidades europeias. Ao retornar, Theodomiro trouxe caixotes repletos de livros técnicos e contratou seis professores altamente qualificados. O Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá foi equipado com materiais modernos para o ensino de Eletricidade, Mecânica, Química, Topografia, Metalurgia, Desenho Industrial, Resistência dos Materiais e Construção de Máquinas. Em retrospecto, ele compartilhou sua convicção: o Brasil precisava de engenheiros capacitados. Só com eles seria possível repetir em solo nacional o progresso que ele testemunhara na Europa. O Instituto que fundava seria a resposta a essa necessidade — um instrumento de transformação nacional, formando profissionais capazes de projetar, executar e dirigir obras que engrandeceriam o país.
Eng. José Ailton Baptista da Silva. Diretor de Cultura, Memória e Reconhecimento da FTS- Fundação Theodomiro Santiago. Diretor da AD-UNIFEI Itajubá. Brazopolis dez. 2025. Publicado no Facebook e LInkedin. Texto criado a partir das páginas 95 a 101 da biografia de Theodomiro escrita por Arnelim Guimaães edição de 1999.










