Nilda Bitencourt: a dona das tardes no rádio

O primeiro contato dela com a imprensa foi aos 22 anos, na Rádio Itajubá, ao lado do Vasconcelinhos, que fazia o programa “Balanço da Tarde”. De lá para ca, construiu um estilo único, que agrada um público fiel formado por ouvintes de todas as idades, profissões e estilos. Dona de uma voz inconfundível e tiradas muito bem-humoradas, atualmente Nilda Bitencourt cativa por unir informação e descontração no Podcast Nilda e Você, que vai ao ar todos os dias pela Futura FM. Como dizem os próprios ouvintes, as tardes ficam mais alegres com ela.

Comunicadora nata, Nilda lembra que depois de algum tempo junto com Vasconcelinhos passou a ter seu próprio programa, a pedido do então diretor da emissora na época, Francisco Vasconcelos. “Fiquei por lá por um bom tempo, até que resolvi que queria fazer jornal impresso”, completa. Em seguida, como ela mesma recorda, entrou para o jornal do maluco Marcos Sabino. “Neste jornal que esqueci o nome, eu fazia cobertura de futebol. Acompanhei o Yuracan em dois campeonatos da segunda divisão. Fui a primeira mulher em nosso estado, Minas Gerais, a adentrar em um campo de futebol para fazer cobertura. Cheguei a assustar o trio de arbitragem e até mesmo os jogadores. Eles me perguntavam: “como assim, mulher no vestiário ?”, recorda.

Chegou a cobrir jogos do Flamengo (seu time do coração e sua paixão), Botafogo, Vasco da Gama, entre outros. “Creio eu, ter sido a segunda mulher no Brasil a encaraer este desafio. Tudo isso no ague dos meu vinte e poucos anos. Foi uma época de desafios, o final dos anos 70 findava e muita coisa acontecendo. Só tive esta coragem porque o Yuracan FC, na época comandado pelo professor Antônio Salomon, me apoiou muito. Se sofri preconceito? Claro que sim. Era tudo novidade”, conta.


Nilda, você conheceu nomes importantes da comunicação itajubense, Magno Baião, Chico Vasconcelos. Como foi essa época ? 

“Magno Baião foi o nosso maior nome no colunismo social do estado de Minas Gerais. Era uma época de ouro. Ele participava de concursos de Misses, levou belas itajubenses para várias regiões do estado para disputar o título de Minas Gerais, até que nos anos 70, conquistamos a faixa de Miss Minas Gerais. Fez bailes shows com os grandes artistas da época no Clube Itajubense. Itajubá pode-se orgulhar de ter tido como filho, este amigo querido. O chico foi o meu herói. Amigo e companheiro de trabalho. Sempre foi o nome mais forte do rádio itajubense e também da região. Sonhava em ter sua emissora de rádio. Sempre o apoiei neste sonho. Quando ele conseguiu concretizar, eu não quis mais acompanhá-lo. Achei que era o meu momento de voar sozinha”.


E quando você começou a fazer coluna social ? 

“Após o nascimento da minha filha Mariana Morena, percebi que não dava mais para ficar deslocando de um campo de futebol para outro. Conversei com meu pai sobre o meu futuro nesta área da comunicação e ele me deu a dica de procurar o jornal O Sul de Minas. E assim o fiz. Conversei com o Sr. Sebastião Rodrigues, diretor Geral do jornal na época, e com o jornalista Sebastião Inocêncio, que era o diretor da Redação. Sebastião Inocêncio foi categórico ao me dizer que no esporte eu não tinha a menor chance, Sérgio Miranda já assinava a página, mas se eu quisesse a coluna social estava a minha disposição. Só que segundo ele, eu teria um trabalho muito grande para conquistar a sociedade itajubense nesta área. A página, com a saída do Magno Baião, ficou muito desgastada e fora de circulação por meses. Pedi um tempo para pensar e já ia saindo quando o Mauro, que também trabalhava no jornal me chamou num canto e pediu para eu fazer que ele me ajudaria. Aceitei o desafio. Aí veio a surpresa: “não ganharia nada”, pelo menos no início. Alegaram que o jornal era da igreja e passava por dificuldades financeiras. Triste da vida fui falar com o meu pai que me convenceu que seria bom eu retribuir para a cidade o que ele havia me dado. Mesmo não achando muito bom, confesso, aceitei. Aceitei pelo desafio. Adoro ser desafiada. Bom destacar que as décadas que fiquei no jornal ao lado do Sérgio Leal, Lucia Nilo, Cléa Dotta, e por último o casal Vera e Dr. Moacir, foram os melhores anos para mim e para o jornal. Quando o tradicional jornal da família itajubense foi vendido e eu percebendo que a mudança no jornal seria drástica, achei melhor sair e deixar a minha história que se tornou tão tradicional quanto o jornal. Logo a seguir, a tradição no nosso semanário realmente deixou de existir. O Sul de Minas passou para o lado político de negacionismo. Pensando bem, dei uma bola dentro quando saí”.


O que mudou para sua coluna eletrônica hoje ?

“Total liberdade e responsabilidade. Procurei seguir a minha linha e me vi enfrentando outro desafio. Não havia naquela época nada do gênero. Havia sim, blog que é completamente diferente. Até para registrar no MEI tivemos dificuldades de adequar na categoria. É caro manter um site no ar. Tenho despesas com o revisor, com hospedagem e recebimentos. Tenho meus parceiros nesta área que são jornalista Antônio Décio de Carvalho, Eduardo Colares da Wai Brasil que cuida do site e nos finais de semana o Élcio Ribeiro que faz o recebimento. Preciso de cada um para continuar neste ramo. Nesta parte, o meu agradecimento ao Dr. Rogério Vilela – Presidente da Unimed Itajubá, Sr. Georges M. Kallás, o saudoso Seu Jorge da Casa Joka e Kleber David, outro saudoso amigo. Ah... novidades. Site com cara nova chegando”.


Seu programa da tarde é o maior sucesso de audiência. A que você deve isso? 

“Bom, depois da Rádio Itajubá, é bom fazer esta viagem para todos entenderem. Fui convidada pelo Dr. Mafra e Pelo Rodrigo Marques para ir trabalhar na Jovem FM. Era a primeira FM da cidade, e mais uma vez, o desafio me convenceu. Quando sai da Jovem FM não queria mais fazer rádio. Estava na minha quando Sebastião Riêra, diretor da Futura FM, me ligou convidando para tomar cafezinho, e entre um café e um bom papo, veio o convite. Fiquei de pensar. Até que um dia, Dr. Rogério Vilela quase me intimou a voltar a fazer rádio e tinha que ser na Futura FM. Daí topei e fui fazer o meu programa no horário do almoço que era considerado o horário nobre das rádios da cidade. Até que numa manhã, Sebastião Riêra me desafiou (de novo o desafio) a conquistar o horário da tarde que até então era novo na cidade. Desafio aceito e busquei coisas novas. O Podcast estava iniciando nas capitais e eu resolvi inovar, trouxe este formato para o meu programa. Num Podcast, você pode ser você mesma, nada é engessado. Se eu esqueço ou falo errado, dou risadas e prossigo. Falo direto com o público e as minhas perguntas são feitas ao entrevistado sem pudor. Tudo muito transparente. A minha sinceridade e as gargalhadas, eu acho, foram as iscas. Ouço muito isto nas ruas. Não há dinheiro que pague o tanto de carinho que eu recebo das pessoas de todas as faixas etárias, sexo, nível social ou intelectual. Quero aqui, agradecer a minha equipe: Amanda, Nádia Maria e Duarte Pereira”.


Você tem um jeito único. Como você define a Nilda Bitencourt ?

“Difícil. O autoconhecimento é difícil, embora necessário. Mas olhando a Nilda Bitencourt de fora eu penso: apesar do medo, da insegurança eu fui atrás. Rompi barreiras e tive ao meu lado as pessoas certas nos momentos certos. Procurei sempre agir com a lealdade e franqueza para com todos. Sou muito fiel a mim mesma. Sou sempre eu em qualquer situação. Este meu jeito de ser, me traz paz na consciência e o poder de andar com a cabeça erguida nas ruas da minha cidade que amo tanto. Às vezes eu digo que pareço uma Fênix, pois desafios até hoje não me faltam”.


Você foi casada com um jogador imporante. Como foi essa história?

“Fui entrevista-lo e fiquei entrevistando-o por 22 anos. Dessa união nasceu minha filha, a Mariana Morena, que me deu uma neta, a Isabela que completou 10 anos. O casamento acabou, o respeito não. Não vou dizer o nome porque hoje ele está em um novo casamento, está feliz, e é isto que importa.


Como você vê a comunicação da rádio hoje? Afinal, seu programa virou um podcast... 

“A comunicação mudou muito em todas as áreas. Para fazer podcast é preciso saber entrevistar, é precito ter o time certo. Conheço alguns profissionais da velha guarda e conheço o trabalho de alguns novatos. Uns, os novatos, já trazem com eles o ranço da política. Tentam imprimir uma verdade que é apenas deles. Com isto as pessoas mudam o dia”.          

   

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