Imagens do novo papa bebendo cerveja no Brasil surpreenderam vários usuários da internet. Confira se os papas podem ou não ingerir álcool
Por/ Álvaro Luiz - Metrópoles
Uma foto registrada em 2004, que mostra o novo papa Leão XIV consumindo cerveja durante sua visita a Minas Gerais, no Brasil, viralizou e criou discussões entre os internautas sobre os costumes dos pontífices, incluindo uma dúvida curiosa: os papas podem beber álcool?
A foto do novo papa mostra ele com uma taça de cerveja na mão e sorridente, ao lado de outras pessoas durante um evento em Belo Horizonte, capital mineira. A reportagem do Metrópoles conversou com um especialista e um padre para esclarecer sobre o assunto.
Milhares de pessoas acreditam que o pontífice da Igreja Católica deve seguir um papado e uma vida de total abstinência. Porém, é lembrado que o vinho tem um papel simbólico e cultural no Vaticano, onde reside o papa.
Em entrevista ao Metrópoles, o padre Rafael Santos, de Brasília (DF), esclareceu a posição da Igreja Católica em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, especialmente a cerveja.
Segundo ele, “qualquer bebida alcoólica, quando consumida com moderação, não apresenta nenhum problema à luz da doutrina católica”.
Além disso, sobre as regras formais aos papas, o padre foi direto e reto. A Igreja não impõe restrições específicas quanto a isso, desde que o consumo seja moderado e responsável.
Não há nenhuma norma que proíba o papa de consumir bebida alcoólica. Ele pode beber se quiser”, disse o padre Rafael Santos.
O líder religioso esclarece que o ponto central está na orientação dadas aos fiéis e ao clero: evitar o excesso. O exagero do álcool, nesse contexto, é visto como um prejudicial tanto ao corpo quanto à alma, contrariando os valores cristãos de equilíbrio e autocontrole.
Consumo de vinhos entre papas e religiosos
O chamado vinho de missa, também conhecido como vinho canônico ou litúrgico, é tradicionalmente utilizado por padres durante a celebração da Eucaristia.
O consumo de vinho, tanto em rituais religiosos quanto em momentos pessoais, é uma prática habitual entre os pontífices. Muitos deles demonstram preferência por rótulos específicos, inclusive de vinícolas que mantêm uma relação com a Santa Sé.
Na Europa, uma das vinícolas mais associadas ao Vaticano é a espanhola Heras Cordón. Há mais de 20 anos, ela é fornecedora exclusiva de vinhos para o Estado papal, tendo sido escolhida ainda por João Paulo II. A tradição foi mantida por seus sucessores, Bento XVI e Francisco.
A doutora em teologia Denise Santana explicou o papel de vinho e o motivo do ritual. “O vinho é muito importante na liturgia católica porque, junto com o pão, ele é essencial para a celebração da eucaristia, sacramento no qual os católicos creem na transubstanciação, ou seja, na conversão real desses elementos no corpo e no sangue de Cristo.”
A eucaristia é um ritual em memória à última ceia que Jesus participou junto com seus 12 discípulos durante a Páscoa judaica. Essa história está descrita em vários textos do Novo Testamento, mas eu destaco Mateus 26:17-30”, explicou Denise.
Visitas ao Brasil e apreciação da bebida
Durante visitas ao Brasil, os papas Bento XVI e Francisco utilizaram vinhos produzidos em Jundiaí (SP), tanto em celebrações religiosas quanto em refeições, destacando a qualidade da produção nacional.
Além de seu uso litúrgico, o vinho também faz parte da vida pessoal de alguns papas. O último pontífice, por exemplo, já revelou que apreciou vinhos da Itália e de outros países.
Em relação ao papa Bento XVI, foi divulgada uma imagem dele bebendo cerveja nas redes sociais. A foto é de 2015, ano em que ele celebrou seu 90º aniversário.
Ao que tudo indica, a visita de Leão XIV a Minas Gerais foi parte de uma agenda pastoral não oficial e ele foi acolhido por religiosos locais.